Divulgação e Protecção do Património do Vale do Bestança
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A Mitologia Grega e o Rio Bestança

Maio 13th, 2018 | Posted by admin in No Homepage | Notícias

LENDA

… Ulisses, esposo, pai e rei de uma pequena ilha grega, Ítaca, situada no mar Jónico, era tido como o exemplo da singularidade pacífica, procurando por vezes iludir os seus contemporâneos, tomando atitudes de algum desequilíbrio mental, a fim de não participar em atos bélicos … porém, ele viria, pelo rumo da história fantasiosa, a tornar-se numa personagem homérica … sua esposa Penélope era-lhe muito dedicada e tinha-lhe dado um filho varão, Telémaco … agora, ao tempo dos factos a narrar, ainda de tenra idade … instado a defender a honra grega, já que Páris, de origem troiana, havia raptado a belíssima Helena, rainha grega, levando-a para Troia, não achou outra forma, que não, a de ir sublimar a afronta troiana, relevando-a … Ulisses rumou, pois, a Troia, para aí combater os troianos numa guerra que duraria dez anos e em que, por fantástico sortilégio do destino, Ulisses não chegaria a participar! … dada a sua conhecida prudência, ao partir para Troia, achou melhor passar por Eólia onde foi recebido com banquete prandial e outras deferências realengas … ao rei Éloio fora dada por Zeus, a “oscilante” tarefa, de ser o “guardião” dos ventos … em preito, ofereceu a Ulisses um alforge fechado contendo todos os ventos do universo, os favoráveis e os desfavoráveis, reservando apenas o mais suave, Zéfiro, para aquele momento … Ulisses inebriado pelo entusiasmo da receção, à saída, esqueceu-se do saco eólico, só se lembrando ia já em alto-mar e em boa verdade pensando que não faria diferença à sua navegação … enganou-se literalmente, pois o rei Eolo considerou, pelo contrário, esse esquecimento, um sinal de má vontade, despeito e sobranceria … furioso, agarrou no alforge e sem mais pensar abriu-o escancaradamente, soltando-se de imediato todos os ventos sem qualquer triagem percorrendo e fustigando o planeta com os seus continentes ilhas e mares (ciclones, tufões, marmotos, tsunamis – (Hawai) e outros que ainda hoje perduram ou já aconteceram (Lisboa, 1755) … Ulisses mal sentiu essa desordem da natureza, arrependeu-se amargamente e deixou-se ir sem tino nem destino … sabe-se agora que, esfarrapado, miserando, barba e cabelo hirsutos, acostou à Hispânia, mas já por influência de Ártemis e Dríade, deusas das florestas, dos bosques e dos rios que dele se compadeceram, encaminhando-o para o Noroeste da Península Ibérica, acobertando-o assim das fúrias de Éolo que continuava à solta, desnorteado, sem se aperceber na sua medonha fúria, quem estava a encobrir, a proteger e para onde se encaminhava Ulisses … Ártemis andava em busca de uma «água boa», mais calma, de baía, onde o abrigar, mas as ondas alterosas que por cá ficaram (Nazaré) e a agitação das ramagens continuavam a galope sem freio … em Troia para onde foram em desagravo seus companheiros de armas e na sua ilha, por outro lado, ninguém sabia de seu paradeiro, de tal sorte que o deram como um náufrago sem remissão, obrigando-se Penélope pela lei consuetudinária a escolher um novo marido, que ela rejeitava em nome da «esperança», esta palavra magnífica que acalenta a alma de quem ama … prometeu então que, ao fim de tecer uma colcha de grandes dimensões em crochet, se acaso Ulisses não aparecesse, casaria … só que, enfeitiçada pelo amor e paixão que dedicava a Ulisses, tecia de dia e destecia de noite, para ganhar o máximo de tempo possível … Ártemis e a divindade Dríade reunidas com Pã, Dionísio, rei Minas, Barqueiro e Apolo, no Olimpo, sabiam desta doméstica conspiração e apoiavam Penélope, que infelizmente foi denunciada por uma serva … mas a «esperança» é o último sopro no meio da desdita, “suspiravam” as deusas e sem desânimo, abriam novas veredas, desconhecidas de Éolo, até que depararam com um monte serrão repleto de rochedos vigorosos, ossudos, duros (Montemuro) quase intansponível e tentaram levar por lá Ulisses … ao descerem o monte de 1382/1243 m de altitude, descobriram o que lhes pareceu ser um vale e nascente com água fresca, inebriante … mas, de repente sentiram um estrondo pavoroso de enregelar «a alma deífica» e assistiram ao «vomitar» de uma “tromba” diluviana feita de pedras grosseiras magmáticas que atulharam o vale e amedrontando as deusas que, assustadíssimas, logo seguiram, sem olhar para trás e tentaram um outro, cheinho de “frondes” (Barrondes) tão verdes que dava gosto entre eles fazer um leito de verdura e por ali pernoitar, mas desde logo viram ser este mais curto em relação ao rio principal repleto de pérolas d’ouro (rio Douro) … tentar, tentaram mas voltaram para trás, descendo mais um pouco, deambulando perdidas e amedrontadas com Ulisses transfigurado, mimético, para não ser descoberto, parando finalmente num lugar de tal forma semelhante ao «paraíso», que por instantes julgaram estar no Olimpo, falava-se em Pimeirô, mas pela sua localização e paredes de poalha de água em cascata gargalhada, desconfia-se, que se tratava de Enxidrô … acabara-se finalmente a sua mágoa, chegara a bonança (Bestança) estavam no santuário hidríco de “Alto d’Água” uma queda em quebra de água fantástica, sumarenta, por onde o nosso herói desceu magnificente, deixando-se cair suspenso em duas tranças de espuma, de AMOR e de DOR (onde e como estariam sua delicada e apaixonada esposa Penélope e seu dileto e inocente filho Telémaco?!) que parecia ter sido posta por ali, às escondidas para acolher o nosso herói grego, em muito segredo … Éolo, ficou confuso e a deusa Ártemis, finalmente serenou … após alguns dias de deleite, Ulisses é transportado nos braços das duríades, (ninfas do rio Douro), que o depositaram num porto muitíssimo antigo (Port’Antigo), sendo depois tomado pelos golfinhos que bem camuflados pelas sombras das raias-manta que expressamente vieram do oceano, o levaram até encontrarem a baía, «alis urb», que em fenício (mercadores/navegadores e mais tarde os portugueses, navegadores/descobridores), significa «baía amena» ou «lix bona» no latim «água boa», a mais calma da costa hispânica ocidental, e instalaram-no no forte braço de tagus, (rio Tejo), onde é acarinhado pelas (Tágides de Luís Vaz de Camões), o principe dos poetas lusíadas … Ulisses por ali ficou e gostou, tendo fundado um povoado a que deu o nome de Ulissipo e que os romanos alteraram ligeiramente Olissipo, séc VI a. C. … por fim, Ártemis, não se esquecendo de todos os penedos que obstruiram o vale a partir das «Portas», pediu a Taramus, deus dos «trovões» e das «tempestades», que com a sua bocarra e ribombar troantes desferisse relâmpagos incandescentes e o reabrisse … ele acedeu e num gesto de gigantismo possante desfez os maiores rochedos, tornando-os em pedregulhos que permitiram e ainda hoje pemitem a partir das «Portas» o fluir das águas, dando ao álveo do «rio Bestança» a configuração de um rio rebelde, mas penetrável, por onde animais, pessoas, águas, fauna e flora, biodiversidade excecional correm e concorrem em liberdade e presunção só pelo ensejo de desfrutar do VALE ENCANTADO DE CINFÃES … diz-se que, o adamado rumorejar das cristalinas águas do «rio Bestança» são as vozes silenciosas (cantas e cramóis – Pias), em nuances de romantismo no trabalho do quotidiano, das deusas e ninfas que por ali arrostaram a fim de envolverem num finíssimo tule, a figura celebrada de ULISSES …

… não se sabe se Ulisses voltou a encontrar a sua amada esposa Penélope e seu filho, agora crescido, Telémaco, ou se ainda continuará Penélope a tecer pelo dia e a destecer pela calada da noite a sua colcha da «esperança» … o que se sabe, é que por via destas personagens o nosso rio recebeu o épiteto de «cristalino» e uma tiponímia bem sonante: RIO BESTANÇA …

… josé maria duarte de oliveira (jomaduol)

… aos vinte e nove dias do mês de abril do ano da graça de nosso senhor Jesus Cristo de dois mil e dezoito (Celebração do Bestança) …

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