Este inverno ( que ainda não está findo ) provocou três grandes desprendimentos de terras na encosta da margem esquerda do vale do Bestança, todos na freguesia de Tendais.
O primeiro desabamento ocorreu desde a EN 321, nas imediações do Parque de Azevedo, atravessou a estrada municipal, o caminho pedonal de Vila de Muros à ponte de Covelas e só parou no leito do rio Bestança, arrastando terras, pedras e árvores, deixando na paisagem uma cicatriz por onde corre agora uma linha de água. Na sua fúria, levou uns anexos de uma habitação sita nas imediações de Aguilhão ao mesmo tempo que inviabilizou o acesso a essa moradia. Campos de cultivo e plantações agrícolas foram totalmente destruídas.

O segundo desabamento de terras deu-se a meia encosta, a sul de Vila de Muros, passou numa torrente imparável a escassos metros do cemitério desta localidade só parando no rio Bestança. Uma outra ferida aberta está agora patente na paisagem.

A mais recente derrocada ( ocorrida no passado mês de Fevereiro ) teve origem nas proximidades da estrada que liga Quinhão à Granja estendendo-se também até ao Bestança, desaguando no troço compreendido entre a ponte de Soutelo e as fragas de Penavilheira.
Foi de tal modo atroador que as gentes de Soutelo, aldeia que fica defronte, tiveram rápida perceção de que algo nefasto estava a acontecer. E não se enganaram: na sua fúria o desabamento destruiu campos aráveis, lameiros e um palheiro onde um dedicado agricultor local mantinha na corte quatro bovinos que pereceram na enxurrada e que eram importante complemento do seu sustento e de sua família.

Para este último caso cedo se formou uma onda de solidariedade entre os povos da freguesia de Tendais tendente a recolher fundos que mitigassem a dor dos proprietários e os compensasse dos danos sofridos.

A Associação para a Defesa do Vale do Bestança mostrou-se desde logo solidária e entregou o seu contributo ao lesado em nome de todos os associados. Pretendemos, naturalmente, estar ao lado de quem inusitadamente é vítima de infortúnio, e deixar uma mensagem de incentivo à manutenção da agricultura local tão importante para a vitalização da economia, paisagem e biodiversidade do vale do Bestança.

Quis a pessoa a quem ajudámos agradecer a dádiva e colocar-se à disposição da Associação para o que entendêssemos por bem. Este gesto louvável só justifica ainda mais o nosso contributo, pequeno contributo para uma tão grande alma como a do agricultor que ajudámos.

Obrigado a todos os nossos associados.

Cinfães, 2016.