Divulgação e Protecção do Património do Vale do Bestança
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20 Anos 1993—2013

Janeiro 29th, 2013 | Posted by admin in Notícias

Placa Rio Bestança

A Associação para a Defesa do Vale do Bestança celebra neste ano de 2013 o seu vigésimo aniversário.

É tempo de balanço, de reflexão e ponderação de renovados desafios.

A 22 de Junho de 1993, outorgou-se no Cartório Notarial de Cinfães a escritura de constituição da nossa Associação. Os sócios fundadores ( Jorge Pereira, Miguel Resende, Jorge Ventura, Cristóvão de Andrade Pereira, Manuel Cerveira Pinto, Alfredo Almeida Pinto e Lourenço Pereira ) deram naquele ato formalização institucional a um movimento popular espontâneo que antes se havia unido para se opor à construção de mini-hídricas no vale do Bestança.

Da escritura consta como objeto social: “Fomentar campanhas de sensibilização geral para a proteção, preservação e intervenção no Rio Bestança e zona envolvente; inventariação de ecossistemas; inventariação das espécies piscícolas e cinegéticas; classificação da fauna e flora circundantes ao Rio; defesa do património do Rio Bestança; recolha de informação etnográfica das aldeias implantadas na zona; evitar a poluição das águas; impedir a implantação de mini-hídricas; classificação de árvores”. Decorridos 20 anos podemos legitimamente perguntar-nos se tem sido alcançado o objeto para que a Associação se constituiu.

Sem falsas modéstias, podemos dizer que esses objetivos têm vindo a ser renovadamente cumpridos em todos os dias de cada ano.

A atividade da ADVB é uma missão contínua que nunca finda e que se cumpre no dia a dia.
O rio Bestança, a biodiversidade do vale, a paisagem, o património, o bem-estar das gentes que aqui habitam é um conjunto de valores que exige uma constante demanda de persistência, valorização e empenho de todos nós com os meios ( materialmente escassos ) que temos ao dispor.

Mas a suprir a insuficiência de meios, temos a nobreza da vontade na consecução do fim a que nos propomos, seja, a defesa do vale do Bestança. No artº 3º dos Estatutos consigna-se que “ A Associação existirá por tempo indeterminado”. É que o fim desta coletividade é uma cruzada imparável na demanda da valorização dos recursos endógenos do sítio vale do Bestança, nas suas vertentes patrimoniais, culturais e ambientais.

Ao longo desta caminhada, atividades houve por nós levadas a cabo que traduzem aquele espírito: a irreversibilidade da nossa posição contra a implantação de mini-hídricas; a nossa frontal oposição à construção de estradas municipais a cruzar o troço médio do Bestança; as ações de recuperação paisagística que operámos ( citamos o parque de lazer de Barrondes e as parcerias na reflorestação dos baldios de Vila de Muros ); a manutenção e valorização do património ( restauro da escola e cantina de Vila de Muros que acolhe a sede ); manutenção e beneficiação do campo do Prado; a divulgação da região ( criação do único percurso pedestre no concelho de Cinfães, no vale do Bestança ); as publicações culturais ( de que destacamos a revista Prado ); a afirmação das nossas convicções em defesa do Bestança ( o que levou a Câmara de Cinfães e a Assembleia Municipal a votarem por unanimidade contra a implantação de mini-hídricas no rio; e o debate em sessão plenária da Assemblea da República, no dia 11 de Outubro de 2002, com os grupos parlamentares representados a votarem contra o aproveitamento hidroelétrico das águas do Bestança ), a defesa da biodiversidade ( com a criação da Estação da Biodiversidade do Vale do Bestança ), os concursos literários sob temáticas ambientais destinados à participação de alunos do Agrupamento de Escolas de Cinfães e Souselo.

Sem a postura de intervenção cívica e responsabilidade que tem animado a Associação e as ações de cidadania que têm sido concretizadas, bem diferente estaria o vale do Bestança.

Atentemos só o que seria desta mais valia cinfanense se no vale existissem agora três açudes ( um no ribeiro de Canadas, outro no Bestança – a montante da ponte de Soutelo – e outro no Barrondes, um canal de adução com 2,5Km de extensão na vertente do monte Faião, uma câmara de carga ( no monte Faião, a montante do Prado ), uma central de turbinagem ( no Prado ), estradões e linhas de transporte de energia. O que teríamos perdido jamais seria compensado com eventual ganho.

Não terá já dado o concelho de Cinfães um contributo energético ao País com a barragem do Carrapatelo, as mini-hídricas do Cabrum e do Ardena, os aerogeradores de Montemuro para que sempre se justifique a salvaguarda do valor Bestança, autêntica marca Cinfanense?

A limpidez da água do rio e seus tributários, a diversidade da fauna e flora, a casticidade da paisagem, a beleza etnográfica dos caminhos, a importância do património tradicional, a simpatia das suas gentes conferem ao vale do Bestança um potencial único para a criação de riqueza sustentada desde que sobrevenha um investimento sério, bem pensado e respeitadora da integridade local.

É por esta preservação e desejado investimento que continuaremos unidos, a bem do Bestança e de Cinfães.

Uma palavra de reconhecimento e apreço para com os nossos associados que dão corpo e vida à Associação.

Uma lembrança especial para a os que partiram já e que deram o seu valioso contributo a esta causa e a esta coletividade. À sua memória, a nossa gratidão.

Agradecimentos à Câmara Municipal de Cinfães que tem apoiado as iniciativas desenvolvidas.
Também a todos aqueles, Cinfanenses ou não, que simpatizam e incentivam a nossa causa na defesa do bem comum que é o Bestança, o nosso muito obrigado.

Boassas, Janeiro de 2013.

O presidente da Direção da ADVB

( Jorge Ventura )

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