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Picos da Europa — O Fascínio da Montanha

Maio 4th, 2012 | Posted by admin in Notícias

28,29,30 de Abril e 1 de Maio de 2012.

Após uma longa viagem de 700Km, chegámos a Arena de Cabrales no dia 28, ao fim da tarde. Aguardava-nos Jesus Fernandez, o gerente do Hotel Naranjo de Bulnes, com a sua calma simpatia. Acomodámo-nos e fomos às compras nas lojas de montanhismo onde adquirimos bastões, polainas e outro equipamento. Dirigimo-nos depois ao restaurante Cares para uma das três copiosas refeições que lá comemos de que destacamos: salada, pote asturiano ( feijão grande, carne de vaca , legumes e pão, tudo misturado num molho saboroso ), salmão frito com queijo e cabrito assado, sobremesa e café. Belíssima ementa que nos foi apresentada numa folha ínfima de um bloco de notas. Era para os caminheiros do Urriellu, disse carinhosamente o dono. Após o jantar seguiu-se uma reunião com o guia em que tivemos que redefinir o percurso pois que devido ao nevão não era possível a caminhada para o pico Urriellu. Ficará para o ano. Seguiu-se uma noite de descanso.

Às 7H30 do dia 29 tomámos o pequeno-almoço no hotel e seguimos com o Ruben Carbajal, nosso guia, para Tielve onde se iniciou a subida para o pico Cabeza la Mesa. Atravessámos um prado verdejante antes de nos embrenharmos na floresta de faias por caminhos tortuosos que se apresentavam escorregadios devido à neve acumulada. Parar por momentos e ouvir o restolho da neve a derreter foi uma agradável sensação de calma e aproximação à natureza. A neve foi-se acumulando e tornou-se cada vez mais difícil a progressão. Surgiram uma pegadas de lobo, talvez já com um dia como nos referiu o guia. O percurso tornava-se perigoso com a neve a encobrir buracos fundos e com arestas afiadas escavados nas rochas calcárias. Surgiram as primeiras mazelas nos caminheiros. Começou a cair neve e algum granizo depois.

Atingimos o pico ( 1686 m de altitude ) pelas 13H30 mas descemos logo a seguir pois que estávamos encharcados e não podíamos arrefecer. Parámos 30m depois para um rápido almoço partilhado nas proximidades de uma “cueva” utilizada para curar o queijo. A descida para Bulnes foi feita debaixo de intensa e fria chuva. Os caminhos estavam enlameados e escorregadios o que muito dificultou a caminhada e provocou fraccionamento do grupo.
Chegámos ao hotel já ao início da noite. Banho quente, muda de roupa e ala para o repasto. E eis que a meio da refeição chega a notícia de que o FC Porto se havia sagrado campeão da Liga Zon-Sagres?! Veio para a mesa uma garrafa de espumante que não havia champanhe, e ouviu-se o entoar de um hino que se ouviu nos cumes nevados dos Picos. Foi uma festa, se bem que, discretamente, dois comensais se tivessem retirado para não participar de tão inusitada comemoração.

Dia 30, pequeno-almoço cedo e fizemo-nos logo a caminho para a rota de Cares e rota da Reconquista. Fascinante a primeira, extenuante a segunda. Só para alguns elementos do grupo. Impressionante quer a subida quer a descida devido ao declive abrupto e terreno escorregadio. Da rota de Cares descemos ao rio por um caminho serpenteante, subimos a uma “majada” e daqui a um pico donde se avistava Caín, depois a descida ao rio e a subida à rota de Cares. A paragem no leito do rio foi revigorante. Admirámos a torrente de água que sai do interior da montanha e que vem engrossar o caudal do Cares, uma água gélida: 3 graus, medidos pelo relógio do guia.

Encetámos o regresso pelo desfiladeiro de Cares. A jornada acabou com um passeio nocturno pela vila de Arena de Cabrales. Notável como este povo asturiano sabe respeitar a montanha e como vive em comunhão com a natureza que lhes dá rendimento só porque a sabem respeitar e valorizar. Que bom seria que alguns percebessem que o meio natural, quando respeitada e valorizado, pode contribuir para a criação de riqueza e emprego e fixação das pessoas na terra onde querem viver. Só por isso bem valia a pena virem aos Picos da Europa!

Lá estaremos para o ano, porque é grande o apelo da montanha.

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